ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO - Se Liga na Informação





ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO

Compartilhar isso
Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” Hb 1.1


Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente oestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.

AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO

Autoria. A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, ou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.



Destinatários. Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.

Propósito. O escritor I. Howard Marshal observa que Hebreus combina instrução com exortação. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a arem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.

Texto Bíblico: Hebreus 1.1-14

Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e definitiva ao seu povo.


Fugindo das características que são comuns na abertura de uma carta ou epístola, o autor vai diretamente ao assunto que ele quer tratar. No original, é possível perceber a beleza da sua construção literária ainda nas primeiras linhas. Neil R. Lightfoot observa que, já na abertura de seu texto, o autor antecipa tudo o que se seguirá. Ele mostrará a supremacia da fé cristã em relação ao judaísmo primitivo.

“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (v. 1). Os profetas eram os arautos de Deus para o povo de Israel. A Instituição Profética no Antigo Testamento é por demais importante para ser minimizada. Para um judeu, a pior desgraça que poderia existir era o silêncio profético. A trombeta profética servia de alerta quando a vida moral, a espiritual e a social não iam bem. Abraham Joshua Heschel (1907–1972), famoso rabino austro-americano, escreveu sobre a importância dos profetas:

“O significado dos profetas de Israel não reside apenas no que eles disseram, mas também no que eles foram. Não podemos entender completamente o que eles pretendiam dizer a nós, a menos que tenhamos algum grau de consciência do que lhes aconteceu. Os momentos que aram em suas vidas não estão agora disponíveis e não podem se tornar objeto de análise científica. Tudo o que temos é a consciência desses momentos como preservados em palavras [...]. O profeta faz pouco caso daqueles para quem a presença de Deus é auxílio e segurança; para ele, é um desafio, uma exigência incessante. Deus é compaixão, não concessão; justiça, embora não inclemência. A palavra do profeta é um grito na noite. Enquanto o mundo dorme despreocupado, o profeta sente o golpe vindo do céu”.1

O autor de Hebreus tem consciência desse fato — os profetas foram arautos de Deus para o seu antigo povo. Todavia, uma voz superior a deles fora levantada — a voz do Filho de Deus! Essa voz era em tudo superior a dos profetas. Os profetas foram agentes da revelação divina, mas não foram a revelação final. O autor lembra que essa revelação final, a última palavra profética, era do Filho de Deus. Nenhum profeta, por mais importante que tivesse sido, poderia igualar-se em importância com Jesus Cristo.

A ideia, aqui, não é que Deus não falaria mais a partir daquele momento, como nos quer fazer acreditar alguns autores, mas, sim, mostrar Jesus Cristo como sendo o cumprimento de tudo aquilo que foi predito pelos profetas.2 Adam Clarke (1760–1832) comentou com muita propriedade que:

“Debaixo do Antigo Testamento, as revelações foram feitas em ocasiões distintas por várias pessoas, em diversas leis e forma de ensinamentos com diferentes graus de clareza, símbolos, tipos e figuras e com distintos modos de revelação, tal como por anjos, visões, sonhos, impressões mentais, etc.; veja Nm. 12.68. Todavia, debaixo do Novo Testamento, tudo está feito por uma só pessoa, quer dizer, Jesus, que cumpriu o que disseram os profetas e completou as profecias”.3

“A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (v. 2). A palavra “herdeiro”, que traduz o termo grego kleronomos, era usada em referência à divisão dos bens que um pai realizava em favor de seus filhos. No judaísmo antigo, esse termo foi usado para o lançamento de sortes para ser definido a quem caberia a parte da herança. A ideia é que Jesus Cristo, por ser o único Filho de Deus, tornou-se o herdeiro de tudo. Todavia, Ele não era apenas o herdeiro de tudo, mas também foi o agente da criação. Através dEle, os mundos foram criados. A palavra “mundo” traduz o termo grego aionas, com o significado de “eras’. O sentido é que Deus, em Cristo, criou o mundo com tudo o que nele há. Como bem destacou Efrén de Nisibi: “tanto o mundo espiritual como o material”.4

“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas” (v. 3). Esse versículo compõe aquilo que os teólogos denominam de “cristologia alta”. A patrística valeu-se com frequência desse texto para afirmar a divindade de Cristo. Ainda muito cedo, Orígenes escreveu:

“A mim me parece que o Filho é um reflexo da glória de Deus, conforme ao que Paulo afirma: ‘Ele é o reflexo de sua glória’. Deste reflexo de toda a gloria, reflete certamente os reflexos parciais que tem as demais criaturas dotadas de razão, pois penso que nada, exceto o Filho, pode conter o reflexo da glória do Pai em sua totalidade”.5

Por outro lado, Atanásio, em seu discurso contra os arianos, escreveu:

“Quem já viu uma luz sem resplendor? Ao escrever aos Hebreus, o apóstolo afirma: ‘Cristo é o esplendor de sua glória e a marca de sua substância’, e Davi, no Salmo 89, canta: ‘O esplendor do Senhor, nosso Deus, está conosco’, e também: ‘Em tua luz, vemos a luz’. Quem é tão néscio que não entende que essas palavras referem-se à eternidade do Filho? Como pode alguém ver a luz sem o esplendor de sua irradiação para poder dizer a respeito do Filho: ‘Houve um tempo no qual ele não existia’ ou ‘Não existia antes de ser gerado’? A expressão do Salmo 144 refere-se ao Filho: “Teu reino é um reino eterno” e não permite a ninguém pensar em um intervalo cronológico, qualquer que seja, no qual o Logos não existia”.6

Em seu clássico e exaustivo comentário sobre a carta aos Hebreus, o puritano William Gouge (1575–1653) lança mais luz sobre o entendimento desse texto:

“Essa frase, a expressa imagem, é uma exposição da palavra grega χαρακτήρ, que pode ser traduzida como character (caráter). O verbo do qual essa palavra é derivada, charattein, insculpir, significa gravar, e aqui é usada com o sentido de carimbar ou imprimir alguma coisa gravada como a impressão sobre uma moeda; a impressão sobre o papel feita pela impressora; a marca deixada pelo selo”.7

Em outras palavras, aquilo que Deus é, Jesus Cristo também é. “Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (v. 4). Tendo mostrado a dignidade do Filho de Deus e sua superioridade sobre o ministério profético, o autor a a fazer um contraste entre Jesus e os anjos. A cultura judaica, representada tanto na literatura canônica como na apócrifa, dá um papel de destaque para as figuras angélicas. Os anjos frequentemente aparecem nas páginas do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo advertiu a igreja de Colossos sobre os perigos de uma adoração angélica: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão” (Cl 2.18).

Em nenhum momento, o autor deprecia a instituição profética, nem tampouco procura desqualificar o papel dos anjos dentro do plano de Deus. O seu foco, porém, é mostrar que ninguém, nem mesmo os anjos, que habitam os céus, pode ser maior do que o Filho de Deus. “A ideia é a de superioridade em dignidade, valor ou utilidade, sendo a ideia fundamental de poder, e não a de bondade”.8

“Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho” (v. 5). Embora os anjos sejam chamados na Bíblia de “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1), o Senhor, todavia, jamais os chama de “meus filhos”. Essa expressão só é aplicada a Cristo conforme demonstra o Salmo 2. Aqui, não está presente a ideia de uma inferioridade do Filho em relação ao pai pelo fato de aquEle ter sido “gerado”. Os cristãos neotestamentários não tinham problema algum com a divindade de Cristo, sendo que tais questionamentos foram disseminados em tempo posterior com a heresia ariana. Na cultura hebraica, as ideias por trás das palavras “Pai” e “Filho” não trazem o sentido de origem do ser e de superioridade, nem tampouco de subordinação e dependência. Da mesma forma, os termos “gerado” e “criado” não podem ser tidos como sinônimos. Loraine Boettner (1901–1990) observa que essas palavras trazem em si as “noções semíticas e orientais de semelhança e igualdade de natureza e igualdade do ser. Obviamente, a sensibilidade semítica é que sublinha a fraseologia das Escrituras, e, quando elas chamam Cristo de ‘Filho de Deus’, confirmam sua divindade verdadeira e apropriada. Isso indica uma relação peculiar que não pode ser afirmada a respeito de criatura alguma, nem tampouco compartilhada. Da mesma forma que qualquer filho humano assemelha-se ao pai em sua natureza essencial, isto é, possui humanidade, assim também Cristo, o Filho de Deus, era como o Pai em sua natureza essencial, isto é, possuía Divindade”.9

C. S. Lewis (1898–1963), o consagrado escritor britânico e autor de as Crônicas de Nárnia, em uma carta escrita a Arthur Greeves, disse que:

“Gerar é tornar-se pai; criar é fazer. A diferença é esta: quando você gera, gera algo da mesma espécie que você. Um homem gera bebês humanos, o urso gera filhotes ursos, e um pássaro gera ovos que se transformam em arinhos. Mas quando você cria, faz algo de uma espécie diferente da sua. O pássaro faz o ninho, o castor constrói um dique, o homem faz o telégrafo — ou talvez faça alguma coisa mais parecida consigo mesmo, como talvez uma estátua. Se for um escultor bem qualificado, pode fazer uma estátua bem parecida com um homem. Naturalmente, porém, ela não será um homem verdadeiro, apenas se assemelhando a ele. Ela é incapaz de respirar ou pensar. Não está viva. Essa é a primeira coisa a compreender. O que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem cria não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. Aproximam-se mais de estatuas ou figuras de Deus”.10

“E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (v. 6). O autor põe em relevo a superioridade do Filho em relação aos anjos quando destaca que estes devem prestar-lhe adoração. A ideia, aqui, não é apenas de prestar uma homenagem como sugere o ensino ariano. O vocábulo grego proskyneo traz a ideia de prostrar-se e adorar.11  Os intérpretes acreditam que o autor nessa citação fez uma combinação de Deuteronômio 32.43 com o Salmo 97.7 (96.7 LXX). Tanto o texto massorético em hebraico como o texto grego da Septuaginta traduzem as palavras hištaḥăwūe proskyneo como adorar.
“E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo” (v. 7). A tradução “vento”, e não “espírito”, posta logo após o termo “anjos”, conforme aparece na Almeida Revista e Atualizada, capta melhor o sentido do original. O sentido é que os anjos podem assumir tanto a forma de vento como de fogo! Por outro lado, a palavra “ministros” (gr. leitourgeo) dá a ideia de alguém a serviço de outrem. Os anjos são seres a serviço de Deus.
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino” (v. 8). Aqui, o autor faz uma referência ao Salmo 45. Precisamos enxergar o caráter messiânico desse salmo se quisermos, de fato, entender o pensamento do autor. Em seu comentário do Novo Testamento, Joseph Benson (1749–1821) observa que essa citação só tem sentido quando aplicada a Cristo.12  Somente Ele pode ser chamado de Deus. Archibald Thomas Robertson (1863–1934), da mesma forma, vê nesse texto uma afirmação da divindade de Cristo. Robertson observa que “essa citação (a quinta) provém do Salmo 45.7ss. Uma ode nupcial hebraica (epithalamium) para um rei, que aqui é tratado como messiânico. Aqui, ho theos deve tomar-se como vocativo (dirige-se a palavra como na forma nominativa, como em João 20.28, onde o Messias é designado como Deus; cf. Jo 1.18)”.13

“Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros” (v. 9). Eusébio de Cesareia (263–339 d.C.) destaca:

“aqui, o primeiro versículo do texto o chama de Deus; o segundo o honra com o cetro real. E a continuação depois de seu poder divino e régio mostra o mesmo Cristo, em terceiro lugar, ungido não com óleo que procede de matéria corporal, senão com o óleo divino do gozo, pelo que vem significar sua excelência, sua superioridade e sua diferença em relação aos antigos, ungidos mais corporalmente e em figura”.14

“E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos” (v. 10). Com sua mente no Salmo 102.25-27 e sempre seguindo a Septuaginta, o autor descreve a exaltação de Cristo, que é retratado aqui como Senhor e Criador. Para o autor, uma das inúmeras razões da superioridade de Jesus sobre os anjos é que Cristo não é uma criatura, mas, sim, o próprio Criador de tudo o que há. Essas palavras fazem um paralelo com Colossenses 1.16 e João 1.3.
“Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão” (v. 11). Em contraste com o mundo que ará, Jesus permanecerá para sempre.
“E, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão” (v. 12). O autor põe em relevo as metáforas para contrastar a transitoriedade do mundo criado com a eternidade do Filho. Em seu comentário sobre Hebreus, James Moffat (1879–1944) escreveu: “O mundo desgasta-se, e até mesmo os céus (12.26) são abalados, e com ele as luzes celestiais, mas o Filho permanece. A natureza está a sua mercê, e não Ele à mercê da natureza”.15

“E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?” (v. 13). Aqui, a figura é de um monarca sendo honrado diante de seus súditos. O assento da direita revelava posição de honra. Por outro lado, no Oriente, era costume dos vencedores colocar o pé no pescoço dos vencidos (Js 10.24). Nenhum dos anjos ocupou uma posição de honra semelhante àquela ocupada por Jesus. A expressão assenta-te, que traduz o grego kathou, está no presente contínuo e descreve o estado permanente da grandeza e supremacia de Jesus para todo o sempre.

O autor está próximo de introduzir outra seção na sua argumentação, mas ele precisa concluir sobre aquilo que ele havia argumentado sobre a superioridade do Filho em relação aos anjos. Os anjos são servos de Deus, Jesus é Filho e Senhor; os anjos não têm trono, o Filho tem. Os anjos são servos a serviço da salvação; o Filho é o autor da Salvação.

“Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (v. 14). O versículo 14 conclui o que o autor tencionava fazer ao contrastar a pessoa de Jesus com os anjos. Ficou meridianamente claro que o Filho de Deus é superior aos anjos em tudo. Os anjos estão a serviço da soberania divina no seu projeto redentivo. “Afinal, o que são os anjos?”, pergunta Stuart Olyott.

“Não são pessoas da Divindade. São espíritos criados que foram enviados por Deus, não somente para servi-lo, mas também para servir os cristãos. Quão revelador e confortante é isso! Em alguns momentos parecemos tão rebaixados e os anjos aparecem tão poderosos. Mas nós é que herdaremos a salvação, não eles. Embora já estejamos salvos, a consumação final de nossa salvação (o corpo ressurreto, a absolvição pública no juízo final, as glórias celestiais, etc.) ainda nos aguarda. Os anjos já estão tão elevados o quanto é possível; nós ainda aguardamos a glorificação final, quando “julgaremos os próprios anjos” (1 Co 6.3). Mas jamais poderemos nos comparar em glória com nosso Senhor Jesus Cristo. Muito menos os anjos podem ser comparados a ele! Por que, então, alguém é tentado a deixá-lo e retornar a uma religião centrada em um conjunto de regras dadas por meio de intermediários angélicos">16

Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena de Deus Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
REVELAÇÃO — [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).

REVELAÇÃO BÍBLICA — Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.

REVELAÇÃO PROGRESSIVA — Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: AD, 1999, pp.255,56).

Jesus Cristo é superior aos anjos em relação à natureza, essência, majestade e deidade.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
ANJOS. A palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).

(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: AD, 1995, p.386).

O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. 

Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7).
Notas
1 HESCHEL, Abraham Joshua. The Prophets. Hendrickson Publishers, Peabody, Massachsetts, EU A, 2014.
2 É assim que devemos entender o uso do particípio aoristo làlesas, (tendo falado) no versículo 1 e o aoristo do indicativo ativo elalesen (falou) no versículo 2. A revelação final havia-se completado. O ministério profético da Antiga Aliança havia terminado (Lc 16.16), sendo que, a partir desse ponto, Deus falaria através do seu Filho, a revelação final; e este continuaria a falar à sua igreja através do seu Espírito (Jo 16.13; At 21.11).


3 CLARKE, Adam. Comentário de La Santa Biblia - Nuevo Testamento, tomo I I I - Hebreos. Casa Nazarena de Publicaciones, Lenexa, Kansas, EUA, 2014.
4 NISIBI, Efrén. Comentário a la Carta a los Hebreos - Lá Biblia Comentada por Los Padres de La Iglesia. Editora Ciudad Nueva. Madrid, Espana.
5 ORÍGENES. Comentário al Ev. De Juan, 32, 353-354. La Bíblia Comentada por Los Padres de La Iglesia.
6 ATANÁSIO. Discursos Contra Los Arianos. La Bíblia Comentada por Los Padres de La Iglesia.
7 GOUGE, William. Commentary on Hebrews - A Puritan Classic Exegetical and Expository Comentary, 2 Vol. Solid Ground Christian Books, Birminghan, Alabam, EUA.
8 RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. Editora Vida Nova, São Paulo, SP.
9 BOETTNER, Loraine. Studies in Theology. Conforme citado por Josh Mcdowel em: Jesus - Uma Defesa Bíblica de Sua Divindade. Editora Candeia, São Paulo.
10 LEWIS, C. S. They Stand Together: The Letters o f C. S. Lewis to Arthur Greeves. Walter Hooper. Nova Iorque: McMillan, 1979.
11 KITTEL, Gerhard. Theological Dictionary of the New Testament, 10 volumes. Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, Michigan, EUA.
12 BENSON, Joseph. New Testament Commentary. Nova Iorque: T. Mason & G. Lane, 1839.
13 ROBERTSON, A. T. Comentário al Texto Griego del Nuevo Testamento - obra completa. 6 tomos em 1. Editorial CLIE, Terrassa, Barcelona, Espana.
14 CESAREIA, Eusébio. História Eclesiástica, 1,3, 7-20. Conforme citado em La Biblia Comentada pelo los Padres de La Iglesia.
15 MOFFAT, James. A Critical and Exegetical Commentary on the Epistle to the Hebrews. Edimburgo, 1924.

16 OLYOTT, Stuart. A Carta aos Hebreus - bem explicadinha. Editnru Cultura Cristã. São Paulo, SP.

Fonte:
Lições Bíblicas 1º Trim.2018 - A supremacia de Cristo - Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus - Comentarista: José Gonçalves
Livro de Apoio – A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus - José Gonçalves



O que escrevo com base nos textos da lição, representa o meu pensamento e o que posso extrair para o ensino na Escola Bíblica Dominical,  lembrando que os alunos não são estudantes de Teologia, mas precisam usufruir de um bom e seguro ensinamento.  Eles funcionam como polinizadores;  sim, eles dão fruto para o Reino de Deus.

Aos Irmãos coordenadores de EBD:  Não torne a lição, um caderno inútil, fazendo valer os seus argumentos, um estudo à parte desta ferramenta. Recebo muitas reclamações de irmãos frustrados por conta disso. Há quem crie argumentos, tão à parte, que inutiliza até o tema proposto para estudo.

PONTOS:
I – AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO.
II – CRISTO -  A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS.
III – CRISTO – SUPERIOR AOS ANJOS.

                           A Palavra que dá vida aos homens.
I – AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO.

1.1 Autoria.

Há pouco, perguntei no Facebook de quem seria a autoria da carta aos Hebreus e uns dizem Paulo e outros Apolo.

Desde a minha juventude que convivo com isto, em que cada pregador ao citar textos da carta, dizem: “O autor da carta aos Hebreus” e não sou contra essa posição, mas apesar de alguns pontos serem um tanto obscuros, notadamente quando a primeira pessoa surge na saudação ou alguma recomendação, nada usual que indique o apóstolo.

Por que guardo uma convicção que foi Paulo? Pela escola de judaísmo, seu aprendizado aos pés de Gamaliel de um lado e de outro, a doutrina da salvação que o autor associa de maneira muito própria as revelações recebidas do Senhor.

Assim me reservo, sempre que prego, sai como que automaticamente: “Paulo disse conforme hebreus...”.

Também, não censuro quem omite o nome do autor, afinal de contas, a riqueza do conteúdo dispensa discussões em torno da autoria.

(Hb.13:19) “E rogo-vos com instância que assim o façais, para que eu mais depressa vos seja restituído..


1.2 Destinatários.

A carta é carregada de especificidade e não deixa dúvida que o autor procura abrir os olhos da comunidade hebraica cristã, abordando os fatos que cercavam a vida sob a Lei associando cada fato, a salvação em Cristo, soteriologia da forma como apenas Paulo conhecia muito bem, sabendo de quem havia aprendido.

(Gl.1:12) “Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.”.


1.3 Propósito.

Apesar de ter sido escrita com exclusividade para a comunidade judaica, ela nos alcança e deixa transparecer que a salvação não é eterna, enquanto estamos neste corpo, podemos estar em pé ou cair e somente após a morte ou o arrebatamento quando poderemos cantar o hino da vitória.


(Hb.3:12) “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.”.

A doutrina da eleição, não determina uma salvação que não possa  ser perdida pelo engano do pecado ou pelo endurecimento de coração.

A carta aos Hebreus é uma pérola entre os demais textos.


II – CRISTO, A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS.

2.1 A revelação profética e a Antiga Aliança.

O autor usa o primeiro capítulo de Hebreus para mostrar a doce comunhão entre Deus e o seu povo com algo majestoso nessas revelações, muito superior a glória manifesta no monte em que este, tremia e fumegava (Hb. 12:18), mas agora ele, Deus, revela o seu filho, feito maior que os anjos, por quem fez todas as coisas e tem a palavra final.

Pena que nestes dias, o povo prefere a fala estranha do homem.


2.2 A revelação profética e a Nova aliança.

O texto merece uma divisão para que todos possam compreender o pensamento do autor.

1 – Deus falou no ado de muitas maneiras; por sonhos, visões, Urim e Tumim e principalmente, pelos profetas.

2 – “Nos últimos dias”, dias que vem desde o nascimento do filho, por que é uma palavra eterna. É a palavra do Filho que permanece para sempre.

3 – Observar que a palavra de Cristo prevalece sobre tudo e sobre ela assenta-se toda a construção do edifício chamado de “evangelho” e nada subsiste sem a sua palavra.

4 – “O Espírito de Cristo (...) continua falando com o povo ...” A percepção é o entendimento pela revelação da sua palavra.

5 – Deus também fala pelos dons, todavia isto deve estar sempre em consonância com as Escrituras como dia o autor.


2.3 Cristo - a revelação final.

O autor traz à lembrança, Amós 3:7.

Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.”.

Podemos ainda nos lembrar como Deus falou com Abraão ao decidir ela destruição de Sodoma e Gomorra.

Percebamos que Deus ainda não destruiu este mundo pelo que tem sido, por conta da palavra do filho que é superior a palavra dos profetas. Sendo o  momento como está escrito.


III – CRISTO – SUPERIOR AOS ANJOS.


3.1 Cristo – superior em natureza e essência.

Quando estudamos a “deidade” de Cristo, no novo testamento, aquela abertura que o Senhor dava aos discípulos e até aos judeus principalmente a classe religiosa deixando entrever a sua divindade e não foram poucas vezes, percebemos que o fazia com autoridade por saber de onde tinha vindo:

(Jo.10:30) “Eu e o Pai somos um.”.

(Lc.10:22) “Tudo por meu Pai foi entregue; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.”.

Superior aos anjos.

(Hb.1:4) “Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.”.


3.2 Cristo : superior em majestade e deidade.

Cristo tem supremacia sobre os anjos e mais ainda sobre os homens.

Creio que Cristo foi criado ainda antes dos anjos. Não há muito clareza bíblica acerca disto, porém não criado na forma como Deus criou os anjos e os homens que possuem natureza própria e específica,  em nada comparando com o filho de quem se diz:


(Hb. 1:5) “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho">

Assim, ele (Jesus) não teve por usurpação ser igual a Deus. (Fl.2:6).
JESUS não foi criado e sim, gerado e chamado de filho.

Nós, gerados pela Palavra, nos aproximamos de Deus e somos tratados como filhos.






INTRODUÇÃO
A epístola aos Hebreus contém alguns enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a data em que foi escrita. No primeiro século, os chamados pais da Igreja não esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que Paulo escrevera Hebreus. No Século II, Tertuliano discordava da autoria paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início, julgou que fosse Paulo mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24). Quanto à data, os estudiosos situam-na entre 68 a 70 d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo. O propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor. É fundamental que nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.

Antes de analisarmos a exegese da Epístola aos Hebreus e sua aplicação prática à vida cristã, é necessário nos a termos ao contexto histórico e aos fatos que levaram o seu autor a escrevê-la. Focalizando neste aspecto facilitará compreensão.

I. O NOME DA EPÍSTOLA 

"Hebreu" era o nome dados aos israelitas pelas nações vizinhas. Talvez tenha derivado de Éber ou Héber, que significa "homem vindo do outro lado do rio" (Jordão ou Eufrates) (Gn.10.21,24; 11.14-26; 14.13 Js.24.2). Abraão foi chamado de "hebreu". 



Temos então várias designações para o mesmo povo: 

- Hebreu: designa descendência. 
- Israel: destaca o aspecto religioso. 
- Judeu: da tribo de Judá ou habitante do reino de Judá. 

Alguns desses termos foram mudando um pouco de sentido com o ar do tempo. O "judeu" do Velho Testamento estava estritamente ligado à tribo de Judá. Depois do cativeiro, a maior parte dos que regressaram a Canaã eram da tribo de Judá. Então, "judeu" tornou-se quase um sinônimo de israelita, já que quase todos os israelitas eram judeus. O termo tem esse mesmo sentido genérico até hoje. 

O "hebreu" do Velho Testamento era todo indivíduo israelita. No Novo Testamento, esse termo a a designar mais especificamente aquele israelita que fala aramaico e é mais apegado ao judaísmo ortodoxo, em contraposição ao "helenista", que é o israelita que fala grego e está mais influenciado pela cultura grega. Nesse sentido, veja Filipenses 3.5 e II Coríntios 11.22, nos quais o apóstolo Paulo cita com orgulho o fato de ser "hebreu" , assim como eram seus pais. 

II. OS DESTINATÁRIOS 

A epístola aos hebreus nos mostra que seus destinatários eram judeus cristãos. Ao mesmo tempo em que o autor está se dirigindo a pessoas convertidas a Cristo (Hb.10.19), ele dá a entender que elas tinham um ado de vínculo com o judaísmo. Tais irmãos pertenciam a uma igreja, cujos líderes são anonimamente referenciados no capítulo 13 (versos 7, 17 e 24). A localização de tal igreja é objeto de especulação por parte dos estudiosos e comentaristas. As sugestões mais comuns são: Roma, Jerusalém, Antioquia, Cesaréia e Alexandria. Como se vê, as possíveis cidades eram grandes centros. Jerusalém e Cesaréia eram cidades da Judéia. Nas outras localizavam-se grandes colônias judaicas. Naturalmente, em todas elas havia igrejas locais que contavam com a presença de muitos judeus cristãos. 

III. O PROBLEMA - ENTRE O ADO E O FUTURO. 

Lendo a epístola, podemos delinear o problema que deu ensejo à sua produção. Os hebreus, a quem a carta foi destinada, eram judeus que, tendo se convertido ao cristianismo, se sentiam tentados a recuar, retornando ao judaísmo. Estavam em uma situação de paralisação espiritual. Viviam em um dilema e, com isso, não cresciam espiritualmente (Hb.5.11-14). O autor escreveu para mostrar a esses irmãos que eles estavam livres da antiga aliança. Tal propósito era de grande envergadura. Se já era difícil provar aos gentios convertidos que eles não precisavam observar a lei, quão árdua seria a tarefa de demonstrar o mesmo princípio para judeus cristãos! Eles estavam presos ao ado, assim como acontece hoje com alguns cristãos que querem obedecer a lei de Moisés. As realidades da graça já eram presentes. Contudo, ainda se encontravam no futuro para aqueles que hesitavam em relação à apropriação das mesmas.

Propósito para que Foi Escrita O verdadeiro propósito desta epístola foi para mostrar aos crentes hebreus a superioridade de Cristo e de sua graça sobre o antigo concerto, como sendo um empreendimento “melhor”. E através desta conscientização, encorajá-los a não voltarem para o judaísmo, que havia terminado sua missão justificadora com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (Hb 10.9). Jesus é superior. Nos capítulos 1—4 de Hebreus, o escritor enfatiza que Cristo é superior na sua pessoa. Ele é melhor do que os profetas, os anjos, Moisés, Josué e o sábado. 

Ele é superior aos sacerdotes dos tempos do Antigo Testamento. Cristo é superior como sacerdote. Os capítulos 5—10 relembram aos cristãos judeus que Cristo é superior como nosso Sacerdote. O seu caminho é melhor do que o sacerdócio terrestre, o antigo concerto, os sacrifícios de animais ou as oferendas diárias. Cristo abriu um caminho melhor. Nos capítulos 11—13, Cristo abriu um caminho melhor para chegar-mos a Deus; podemos ter fé para crer nele e em todas as coisas; podemos ter esperança de que nos fará vitoriosos sobre todas as nossas provações, e podemos demonstrar amor uns aos outros segundo a medida de amor que Cristo nos deu.

IV. AUTORIA 

A epístola não apresenta o nome do seu autor. Muitos são os que atribuem a Paulo sua escrita. Em alguns manuscritos antigos encontra-se o título: "Epístola de Paulo aos Hebreus". Evidentemente, o título traz a conclusão de algum copista ou autoridade religiosa, visto que não faz parte do texto. Alguns "pais da igreja" atribuíam a autoria a Paulo sem dificuldades. Os defensores dessa hipótese, utilizam as palavras de Pedro em sua segunda epístola (3.15). A agem nos informa que Paulo escreveu aos judeus. Contudo, isso não encerra a questão, pois tal escrito pode ter sido a chamada carta aos hebreus, mas pode também ter sido outra. A referência que o autor faz a Timóteo (Hb.13.23) também é usada como argumento. Além disso, a epístola está dividida em dois blocos: doutrinário (capítulos 1 a 11), e prático (capítulos 12 e 13). Isso nos lembra o método paulino. No texto prático do capítulo 13, temos uma lista de oestações curtas, à maneira de Paulo. A doxologia (13.20-21) e a bênção final (13.25) também reforçam a tese. 
Os comentaristas que se opõem à autoria paulina, argumentam sobre a diferença de estilo da carta aos Hebreus quando comparada às epístolas paulinas. Alguns creditam a autoria a Barnabé, Lucas, Apolo, ou Priscila. 

DATA 

A referência a Timóteo e ao fato de sua prisão fazem a datação do livro se projetar para o final dos anos 60 do primeiro século. Já que as epístolas paulinas não dizem que Timóteo tenha sido preso, então é possível que a carta aos Hebreus tenha sido produzida depois daquelas identificadas paulinas. O livro fala de um sacerdócio em funcionamento no templo de Jerusalém (10.1,11; 9.6-8). Isso nos faz concluir que o livro não pode ter sido escrito depois do ano 70, data da destruição do templo. Portanto, a datação, embora indefinida, fica entre 60 e 70 d.C. 


V. CARACTERÍSTICAS                                                                                                                                          
O livro tem teor cristológico, ou seja, apresenta um verdadeiro tratado sobre a pessoa de Cristo, principalmente no que tange à sua obra vicária.  O livro é apologético. Seu discurso é um forte pronunciamento em defesa da fé cristã contra recuos ou desvios. 
A carta aos Hebreus liga o Velho e o Novo Testamento de modo brilhante. Temos na obra os seguintes confrontos:
- Valores da lei X valores da graça 
- Símbolos X realidade 
- Antiga aliança X nova aliança 
- ado X futuro (Hb.2.5) 

VI .TEMA 
A superioridade de Cristo sobre os profetas, os anjos, a lei, sobre Moisés, Josué, Aarão e sobre os sacerdotes (Hb.1.4; 6.9; 7.7,19,22; 8.6; 9.23; 10.34; 11.16,35,40; 12.24). 
ESBOÇO 
1 - A glória e a superioridade de Cristo - 1.1 a 4.13. 
2 - O novo sacerdócio de Cristo - 4.14 a 8.13. 
3 - Contraste entre o velho e o novo - 9.1 a 10.39. 
4 - A glória da fé - 11.1-40. 
5 - A vida de fé - 12.1 a 13.25. 

A situação dos hebreus foi ilustrada através de uma etapa de sua própria história. O autor demonstra que, assim como seus anteados estavam no deserto, hesitando diante de Canaã (Hb.4.1), os hebreus estavam hesitantes diante da graça de Deus e seus benefícios. O livro oesta radicalmente a respeito dos riscos representados pelo retrocesso, pela apostasia (Hb.4.1; 6.1-6; 10.38-39). O desvio encontra-se relacionado à incredulidade, desobediência e rebelião (Hb.2.1-3; 3.12,16-19; 4.11). Em lugar do desvio, os hebreus são aconselhados a avançar com ousadia (Hb.10,19)


O VISÍVEL E O INVISÍVEL (Aparência x essência) 

Os hebreus estavam muito apegados aos aspectos visíveis do judaísmo. Aliás, o ser humano, em geral, tem essa tendência. Por isso é que muitos objetos acabam sendo incorporados à prática religiosa que, em princípio, é essencialmente espiritual. Na igreja, podemos usar recursos visíveis, uma vez que a Bíblia nos dá exemplos disso. Os lenços de Paulo curavam (At.) Contudo, precisamos ter cuidado para não elaborarmos doutrinas e condicionamentos para a nossa fé. 

No Velho Testamento, Deus usa recursos visíveis com restrições. Ele mandou fazer a arca da aliança, a serpente de bronze e outros objetos, mas proibiu a fabricação de imagens de escultura como representação de Deus ou de deuses (Dt 4.12, 15-19). 
Deus pode usar o visível, mas "bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20.29). A experiência de Tomé, ao ver o Senhor Jesus ressuscitado, foi autêntica, maravilhosa, importante, mas melhor seria se ele não tivesse dependido disso. Sua fé não foi suficiente. 

O autor aos hebreus se esforçava por conduzi-los a um novo nível, em que não dependeriam de objetos sagrados, lugares físicos ou sacerdotes terrenos. 
O autor coloca em destaque: a fé. O capítulo 11, tão utilizado quando se estuda sobre a fé, ali está com esse objetivo: mostrar aos hebreus que até mesmo seus anteados, os pais, juízes e profetas, viveram e serviram a Deus e venceram pela fé e não por vista. Portanto, convinha que os hebreus seguissem tal exemplo e se desvencilhassem de toda dependência visual contida no cerimonial judaico. 

Hb.11.1 – A fé é a certeza das coisas que não se vêem. Os leitores precisavam entrar nessa nova realidade. Não podiam mais depender da aparência. O autor enfatiza que tudo o que vemos foi feito do que não é aparente. Logo, o invisível é anterior e superior ao visível. O visível é a aparência das coisas. É algo que impressiona as pessoas e causa emoções e reações. Muitas religiões usam de grande pompa para impressionar seus fiéis. Com isso, am a idéia de uma essência que, de fato, não existe. As pinturas, esculturas, a arquitetura e a música são alguns elementos que ajudam a montar um cenário impressionante, mas não constituem essência espiritual (Obs. II Tm.3.5). 

TERRA E CÉU 

Utilizando os termos "terra" e "céu", o autor tenta fazer com que seus destinatários "mudem o foco" de sua espiritualidade. Jesus já havia apresentado essa ênfase em sua mensagem ao ensinar sobre o Reino dos céus, tesouro nos céus, Pai nosso que estais no céu, assim na terra como no céu. Qual é a ênfase do nosso evangelho: a terra ou o céu? Valores terrenos ou valores celestiais? 

Hb. 1.10 - Terra e céu. 
Hb. 4.14 - Penetrou nos céus 
Hb. 7.26 - Mais sublime que os céus. 
Hb. 8.1 - Assentou nos céus. 
Hb. 9.23 - Figura das coisas que estão no céu. 
Hb. 9.24 - santuário no céu. 
Hb. 12.23 - Primogênitos inscritos nos céus. 
Hb. 12.25 - Aquele que é dos céus. 
Hb. 12.26 - Terra e céus. 

A realidade celestial 

3.1 - Vocação celestial (ado). Deus nos chama. 
6.4 - dom celestial (presente). Deus nos capacita. 
8.5 - coisas celestiais (embora já existam, são futuras para nós). 
9.23 - coisas celestiais (futuras para nós). 
11.16 - pátria celestial (futura para nós).
12.22 - Jerusalém celestial. (futura para nós). 

Para o escritor aos hebreus, o céu não é um lugar vazio, envolto em névoa branca. Ele fala de uma cidade celestial, de um santuário celestial e coisas celestiais, as quais se constituem em mistério para nós. Em destaque está o santuário celestial, o qual foi visto por Moisés no monte e serviu de modelo para a construção do santuário terreno. Portanto, os hebreus não deveriam ficar apegados ao terreno, mas sim ao santuário celestial, onde Cristo entrou depois de oferecer sua própria vida como sacrifício. 

VII. A SOLUÇÃO 

O problema dos hebreus consistia no apego a algo bom. Como disse o apóstolo Paulo em Romanos 7, "a lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom". O apego ao que é bom pode nos privar daquilo que é melhor. A epístola vem mostrar "o melhor" para os hebreus. Esta é a palavra chave da carta. As expressões "superior", ou "tão superior", ou "maior" ou "mais excelente", variando conforme a tradução, também são freqüentes e demonstram o pensamento do autor no seu esforço por apresentar a superioridade de Cristo e do evangelho no confronto com a lei e a velha aliança. 

Melhor: Hb.1.1-4; 6.9; 7.4,19-22; 8.6; 9.23; 10.34; 11.16; 11.35; 11.40; 12.24; 
Tão superior: Hb.1.4 
Maior: Hb.3.3; 7.7; 9.11; 10.29; 11.26; 
Mais excelente: Hb.1.4; 8.6; 11.4. 

As expressões "tão superior" "mais excelente" contém uma ênfase muito forte. Bastaria dizer que Cristo é superior ou excelente. Contudo, o autor utiliza uma terminologia que demonstra a insuperabilidade do Senhor Jesus. 

A palavra de Deus nos convida à excelência (I Cor.12.31). Não devemos, pois, ter uma atitude comodista, mesmo que nossa situação espiritual seja boa. "Quem é santo, seja santificado ainda." (Ap.22.11). Avance, suba, progrida. Não existem limites para a nossa experiência com Deus. 



Mostrar algo melhor para um povo que já tem um pacto com Deus é um desafio muito grande. Contudo, o autor se saiu muito bem na produção de sua apologia. Seu argumento central é a apresentação da pessoa de Jesus. É verdade que ele estava escrevendo para cristãos, pessoas que já conheciam a Cristo. Porém, ainda não haviam compreendido plenamente sua personalidade e sua obra.

Os hebreus estavam ainda apegados aos personagens do Velho Testamento: Abraão, Moisés, Aarão, Josué, Davi, profetas, anjos, etc. Então, a epístola apresenta afirmações contundentes sobre Cristo. Ele é apresentado como: 

● Filho de Deus – Hb.1.1; 4.14. 
● Sumo sacerdote – Hb.6.20 
● Autor da salvação – Hb.2.10. 
● Autor e consumador da fé. – Hb.12.2. etc.

Tais afirmações destroem qualquer tentativa de comparação ou desejo de exaltação de homens ou anjos. Todos se reduzem drasticamente diante da grandeza do Senhor Jesus Cristo. Sendo assim, a graça por ele oferecida, a nova aliança, o evangelho e a igreja, estão suficientemente afiançadas para que sejam aceitos sem hesitação. Jesus é o fiador e o mediador da nova aliança (Hb.7.22; 9.15).

Na apresentação da superioridade de Cristo, apresenta-se um paradoxo. Os grandes, na concepção humana, são exaltados, servidos, obedecidos e fazem sofrer. Jesus, o maior, foi humilhado, servo, obediente e sofredor. Contudo, todo o seu sofrimento era necessário para ser nosso legítimo representante no exercício do seu sacerdócio (Hb.2.14-18). 
Ao se falar no sacerdócio de Cristo, os hebreus poderiam levantar o seguinte questionamento: Como Cristo poderia ser sumo sacerdote tendo nascido da tribo de Judá? Os sacerdotes vinham da tribo de Levi. Por isso, o autor diz que Cristo era sumo sacerdote da ordem de Melquisedeque, a qual é anterior e superior à ordem de Aarão, que descendia de Levi. 

Para que o ime dos hebreus se resolvesse, eles deveriam entrar na nova realidade apresentada por Cristo: a nova aliança com Deus. A nova realidade é ada por meio da fé. De fato, sendo judeus convertidos, eles criam em Cristo, mas ainda não usufruíam de todos os recursos da graça.  

VIII. EXORTAÇÕES 

O autor da epístola mostra o problema dos Hebreus e a solução necessária. Se conhecemos a doença e o remédio, o que nos resta? O tratamento. Da mesma forma, o escritor apresenta diversas exortações aos seus leitores. Não basta saber. É preciso fazer algumas coisas, enquanto outras são evitadas. As exortações são expressões imperativas que pretendem induzir à ação, ao movimento, à iniciativa. Existem atitudes a serem tomadas e ações a serem executadas em relação ao ado e ao futuro. O ado precisa ser abandonado. O futuro precisa ser focalizado, crido e realizado. 

Se alguém se encontra à beira de um abismo, diversas orientações podem ser dadas. Poderíamos dizer: "Não se mova! Acalme-se! Vire-se lentamente! Dê um o! Agora ande mais rápido! Corra!" A primeira preocupação é evitar o pior, evitar a queda. Depois procuramos mudar a situação, eliminar o risco, colocando a pessoa a salvo. 
Do mesmo modo, a epístola contém exortações que podem ser agrupadas da seguinte forma: 
Pior
Para deixar o ado
Para conquistar o presente /futuro
Não abandone – Hb.10.25
Deixemos – Hb.12.1
Esforcemo-nos por entrar – Hb.4.11
Não se endureça – Hb.3.8
Saiamos – Hb.13.13
Cheguemo-nos – Hb.4.16
Temamos – Hb.4.1
Tendo intrepidez para entrar – Hb.10.19
Aproximemo-nos – Hb.10.22
Guardemos – Hb.10.23
Consideremo-nos – Hb.10.24
Corramos – Hb.12.1
Prossigamos – Hb.6.1
Sirvamos – Hb.12.28
Ofereçamos – Hb.13.15
Conservemos – Hb.4.14
Retenhamos – Hb.12.28
Apeguemos – Hb.2.1

Os hebreus precisavam sair de uma situação indesejável e entrar na nova realidade proposta.  Os hebreus estavam um tanto quanto deslocados em relação ao propósito de Deus. Por isso são convidados a entrar. Estavam distantes. São convidados a se aproximar do trono da graça. Não podemos seguir a Cristo de longe. Estavam lentos (5.11-12) em sua jornada espiritual. O autor os convida a "correr" (12.1). O plano de Deus é urgente. O Senhor não está limitado pelo tempo, mas nós estamos e, por isso, não podemos demorar. 

O verbo "cheguemo-nos" encontra-se na voz reflexiva. Indica um tipo de ação em que nós somos, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. É uma ação que o indivíduo executa sobre si mesmo. Isso significa algo pessoal e intransferível, como acontece com muitas atitudes humanas diante de Deus. Nosso posicionamento espiritual não pode ser decidido ou resolvido por outra pessoa. Ninguém vai nos aproximar de Deus. O que ele decidiu fazer por nós nesse sentido, ele já fez. Jesus já veio e já subiu "abrindo um novo e vivo caminho" (Hb.10.20). O caminho está aberto. Entrar, caminhar, correr, aproximar, são ações que dependem de cada um. 

A observação dos verbos mencionados, seu tempo, modo e pessoa, muito nos ensina. A maioria dos verbos se encontra conjugada na primeira pessoa do plural. Isso mostra que o autor se inclui em quase tudo o que diz, em quase todas as propostas que faz. Temos aí uma nota de humildade. Ele não apenas aponta o caminho e o trabalho, mas se coloca em posição de também fazer tudo o que está sendo comandado. É uma atitude desejável para os que pregam, ensinam ou lideram. 
Os verbos "retenhamos", "apeguemos", "guardemos" e "conservemos" nos mostram claramente que algo podia ser perdido pelos hebreus. O risco da apostasia está evidente em todas essas expressões. Autoria : incerta. Paulo é um dos mais prováveis nomes sugeridos. 

Aplicação Prática

Rica na doutrina cristã fundamental, a epístola aos Hebreus também nos proporciona exemplos animadores de "heróis da fé", os quais perseveraram apesar das grandes dificuldades e condições adversas (Hebreus 11). Os homens e mulheres pertencentes à lista dos heróis da fé fornecem provas irrefutáveis quanto à garantia incondicional e absoluta confiabilidade de Deus. Da mesma forma, podemos manter a confiança perfeita nas ricas promessas de Deus, independentemente das nossas circunstâncias, ao meditarmos na sólida fidelidade das obras de Deus nas vidas dos Seus santos do Antigo Testamento. 

O escritor de Hebreus proporciona um grande incentivo aos crentes, mas há cinco advertências solenes às quais devemos prestar atenção. 1.Há o perigo da negligência (Hebreus 2:1-4), 2.o perigo da incredulidade (Hebreus 3:7-4:13), 3. o perigo da imaturidade espiritual (Hebreus 5:11-6:20), 4.o risco de deixar de perseverar (Hebreus 10:26-39) e 5. o perigo inerente de recusar a Deus (Hebreus 12:25-29). Assim encontramos então, nesta obra-prima suprema, uma grande riqueza de doutrina, um refrescante manancial de encorajamento e uma fonte de advertências práticas e sãs contra a preguiça em nossa caminhada cristã. Entretanto, ainda há mais, pois em Hebreus encontramos um retrato magnificamente do nosso Senhor Jesus Cristo, o Autor e consumador da nossa grande salvação (Hebreus 12:2).

CONCLUSÃO

O livro de Hebreus trata de três grupos distintos: seguidores de Cristo, incrédulos que tinham conhecimento e uma aceitação intelectual dos fatos de Cristoe incrédulos que tinham sido atraídos a Cristo mas que acabaram rejeitando-no. É importante entender a qual grupo cada agem está se dirigindo, pois deixar de fazer isso pode levar-nos a tirar conclusões inconsistentes com o restante das Escrituras. 
O escritor de Hebreus menciona continuamente a superioridade de Cristo, tanto de Sua pessoa como do Seu trabalho ministerial. Nos escritos do Antigo Testamento, entendemos que os rituais e cerimônias do judaísmo simbolicamente apontavam para a vinda do Messias. Em outras palavras, os ritos do judaísmo eram sombras das coisas futuras. Hebreus nos diz que Jesus Cristo é melhor do que aquilo que qualquer mera religião tem a oferecer. Toda a pompa e circunstância da religião empalidecem em comparação com a pessoa, trabalho e ministério de Jesus Cristo. É a superioridade do nosso Senhor Jesus, então, que continua a ser o tema desta eloquente carta.

OBRAS CONSULTADA

Bíblia de Estudo Pentecostal, AD
Comentário Bíblico Hebreus, AD
3º Trimestre de 2001 -Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”- Comentarista: Elinaldo Renovato



BAIXAR SLIDES EM POWER POINT





LIÇÃO 01 - A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO




TEXTO ÁUREO
"Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho." (Hb 1.1)




VERDADE PRÁTICA
Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e definitiva ao seu povo.








Hebreus 1.1-14
1 - Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,
2 - a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas;


4 - feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
5 - Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?
6 - E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
7 - E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo.
8 - Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino.
9 - Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.
10 - E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos;
11 - eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão,
12 - e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.
13 - E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?
14 - Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?





INTRODUÇÃO


Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser - os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente oestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.








I - AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO


1. Autoria. A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, ou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.




2. Destinatários. Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão "os da Itália vos saúdam" (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.



3. Propósito. O escritor I. Howard Marshal observa que Hebreus combina instrução com exortação. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a arem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.




SÍNTESE DO TÓPICO I
A autoria de Hebreus é desconhecida; seus destinatários eram cristãos judeus; seu propósito, exortar os cristãos a terem ânimo e fé.






II - CRISTO - A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS


1. A revelação profética e a Antiga Aliança. Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no ado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs ("muitas vezes") e polytropos ("muitas maneiras"), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário.






2. A revelação profética e a Nova Aliança. Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb 1.1). O uso das expressões "havendo falado" ou "depois de ter falado" (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento, Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1 Pe 1.11Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.2615.2616.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.




3. Cristo: a revelação final. O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: "Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus.




SÍNTESE DO TÓPICO II
Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena de Deus Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.






III - CRISTO - SUPERIOR AOS ANJOS


1. Cristo: superior em natureza e essência. Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação divina (At 7.53Gl 3.19Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasma e character, que significam respectivamente "radiância" e "reflexo", traduzidos aqui como resplendor e "caráter", com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus revelado!




2. Cristo: superior em majestade e deidade. O autor a então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de "Deus" (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra e glória!




SÍNTESE DO TÓPICO III
Jesus Cristo é superior aos anjos em relação à natureza, essência, majestade e deidade.






CONCLUSÃO


O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, "se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração" (3.7).










------------------------------------------------

Referências
Revista Lições Bíblicas. A SUPREMACIA DE CRISTOFé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Lição 01 – A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo. I – Autoria, destinatário e propósito. 1. Autoria. 2. Destinatário. 3. Propósito. II – Cristo – A palavra superior a dos profetas. 1. A revelação profética e a Antiga Aliança. 2. A revelação profética e a Nova Aliança. 3. Cristo. A revelação final. III – Cristo- Superior aos anjos. 1. Cristo: superior em natureza e essência. 2. Cristo: Superior em majestade e deidade.  Editora AD. Rio de Janeiro – RJ. 1° Trimestre de 2018.



Elaboração dos slides: Ismael Pereira de Oliveira. Pastor na Igreja Assembleia de Deus, Convenção CIADSETA, matrícula número 3749-12. Inscrito na CGADB, número do registro 76248. Contatos para agenda: 63 - 984070979 (Oi) e 63 – 981264038 (Tim), pregação e ensino.





Análise e abordagem do 1º Trimestre de 2018









Aula ministrada pelo Dr. Ev. Caramuru Afonso Francisco 
 e (www.portalebd.org.br)









Aula ministrada pelos professores da EBP EM FOCO








Aula ministrada pelo professor Fábio Segantin










Aula ministrada pelo professor Jeferson Batista








Aula ministrada pelos professores da Assembléia de Deus em Londrina









Aula ministrada pelo professor Alberto Alves da Fonseca








Aula ministrada pelo professor Pr. Edvaldo Bueno (Igreja AD ministério Belém em Paulínia/SP)








Aula ministrada pelo professor Marcio Mainardes










Aula ministrada pelo professor Gabriel Raso









Aula ministrada pelo pastor Raimundo Campos











Aula ministrada pelo presbítero Mauro Lúcio










Aula ministrada pelo professor Lucas Neto









Aula ministrada pelo professor do canal no Youtube Moldados








Aula ministrada pelos professores da IEADPE







Aula ministrada pelo professor Rosileudo Lima








Aula ministrada pelo presbítero Janderson Nascimento










Aula ministrada pelo professor Roberto Cardoso









Aula ministrada pelo professor Sandro Moraes



SE VOCÊ QUER AJUDAR ESSA OBRA, ENTÃO CLIQUE NOS ANÚNCIOS, ASSIM PODEREMOS CONTINUAR COM O NOSSO TRABALHO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário