O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) voltou a ser preso, em Curitiba. A nova prisão ocorreu na manhã desta terça-feira (19), e faz parte de uma operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que investiga desvio de recursos que deveriam ser usados na construção de escolas. Parte desse dinheiro, segundo as investigações, foi parar em campanhas eleitorais do tucano.
A defesa de Beto Richa afirma que a prisão "não traz qualquer fundamento" e que "tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos". (Leia abaixo o posicionamento da defesa na íntegra).
Esta é a terceira vez que o tucano é detido. Ele também já havia sido preso em uma outra investigação do MP paranaense e em um desdobramento da Operação Lava Jato, mas foi solto por ordem da Justiça. Agora, a prisão foi determinada pelo juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba.
O MP-PR aponta o ex-governador Beto Richa como "chefe da organização criminosa e principal beneficiado com o esquema de recebimento de propinas" pagas pelas empresas responsáveis pela execução das obras nas escolas estaduais.
A nova detenção é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. A suspeita contra o tucano é de corrupção, entre outros crimes, e ele foi preso no apartamento onde mora.
Uma das justificativas apresentadas pela Justiça para decretar a prisão de Beto Richa é que o ex-governador, segundo o Ministério Público, atuou para "obstruir as investigações em face da organização criminosa que supostamente integrava".
Segundo o coordenador do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, a obstrução das investigações aconteceu entre 2015 e 2017.
Segundo MP, Beto Richa determinou que o ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná, Maurício Fanini, "excluísse de todo e qualquer dispositivo eletrônico que possuísse os registros de fotos, vídeos e comunicações entre ambos" em março de 2015.
De acordo com o Ministério Público, Fanini era o responsável pelo setor que produzia relatórios fraudulentos sobre obras em escolas estaduais. O ex-diretor da secretaria é delator na Quadro Negro.
A decisão aponta que Richa "providenciou uma remuneração mensal a Maurício Jandoi Fanini Antonio em troca do seu silêncio, que ou a ser paga pelo investigado Jorge Theodócio Atherino a partir do mês de novembro de 2015".
"Ao investigado Carlos Alberto Richa é imputada a prática dos delitos de organização criminosa (pena máxima de 8 anos), corrupção iva (pena máxima de 12 anos), fraude à licitação (pena máxima de 4 anos) e obstrução de investigação de organização criminosa (pena máxima de 8 anos)", afirma o juiz na decisão que determinou a prisão.
O empresário Jorge Atherino, apontado pelo MP-PR como operador financeiro de Beto Richa, e Ezequias Moreira, ex-secretário especial de Cerimonial e Relações Exteriores do Paraná, também foram presos.
Ezequias foi citado na colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza. A delação afirma que o ex-secretário participou da arrecadação de dinheiro desviado da reforma e construção de escolas para a campanha de reeleição de Beto Richa para o governo do estado.
No despacho, o juiz determina que as prisões preventivas dos três investigados sejam cumpridas no Complexo Médico Penal do Paraná, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O Gaeco informou que a transferência deve acontecer até o começo da tarde desta terça-feira.
A defesa de Jorge Atherino afirmou que não vai se manifestar no momento. O G1 também tenta contato com os advogados de Ezequias Moreira.
A investigação é tocada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além das prisões, são cumpridos mandados de busca e apreensão em imóveis da família Richa em Caiobá, no litoral do Paraná, e em Porto Belo (SC).
Na quarta-feira (13) o Gaeco ofereceu denúncia contra o ex-governador, a mulher dele, Fernanda Richa, Jorge Atherino e Ezequias Moreira por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Até o momento, não se sabe se a Justiça aceitou a denúncia.
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